sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ah, se Deus arrancasse a minha Dor...

... Ou ao menos me tirasse do lugar desfavorável e me estabelece em Paz, provavelmente minha alma sobrevivesse, meu coração se curasse e quem sabe eu conseguisse rever o por-do-sol.

Ah, se Deus ouvisse minhas razoáveis orações, aquelas que fogem da soberba humana e que em sua simplicidade rogam apenas por minha felicidade – que parece tão longínqua. Mesmo sabendo que nunca serei um Enoque, sei que no mais frágil de meus atos sei o quanto necessito de amparo, conserto, compreensão.

Ah se Ele pudesse ao menos, além de me perdoar, me oportunizar uma mudança de mente, ou ao menos me proporcionasse o direito de fugir para longe do que me faz sofrer, me livrando dos engodos da vida e das falácias do ser.

E alguns ainda questionam meu lamento... Ah, se eles sentissem o que senti minha alma.

Não estou aqui murmurando, longe de mim. estou apenas fazendo algumas considerações sobre a Vida, a Fé, em lamentos e prosas. Minha luta tem sido peregrina, contínua em toda sua extensão, me fazendo correr de mim mesmo e daqueles que aprisionam com seus olhares que mais parecem querer me interpretar, me mostrar o caminho como se eu fosse um inválido sobre rodas, como se eu não tivesse condições de crescer, de viver minha própria vida e...

Ah, se Deus retirasse pelo resto dos meus dias a dor, me livrasse do afago letal de alguns, daqueles que me aprisionam a alma, a vida e que escravizam os meus sonhos. Pobres sonhos de um qualquer. Na surdez de minha alma, por mais que ela na verdade seja utópica, sei que serve para mim como uma fuga, um desvio, um escape quando os olhos estrangeiros me cercam por todos os lados, me querendo matar.

Ah, se Deus permitisse que amanhã eu não chegasse è acordar, que meus olhos se abrissem apenas quando eu estive perpetuamente ao seu lado, pelo menos assim quem sabe eu seria mais feliz que hoje, sem medo de ser medroso e perseguido, sem temor do que não causa medo, mas repúdio.

Ah, se meus dias fossem abreviados, se meu frustrado ser tivesse o direito de suprimir seu fôlego sem pecar, de apagar a luz dos olhos sem negar a fé. Meus opressores são mais carne do que espírito, mais humanos do que surreais, nisso posso lutar sem forças, mas sem muito esperança no dia de amanhã. Têm sido um probatório buscar a solução para tudo isso, para os frio e calor da continuidade de minha existência.

Meus sonhos parecem mais uma miragem em pleno oásis, enquanto ando sobre dunas infindas meus provadores desfrutam das tâmaras e da água doce que lá há. Se Deus pudesse reverter os papéis quem sabe eu ainda pudesse sorrir. Não que eu tenha inveja das prazerosas práticas deles, mas é que eu não gosto muito do sabor do intenso labor, isso sem mencionar a dor e que dor...

Ah, se Deus conseguisse me reanimar nada disso seria preciso, minhas palavras nem precisariam serem interpretadas e assim persistiria um homem quase necrótico. Quem sabe, me permitisse depois dessa drástica ferida aberta, ser curado e ainda assim pôr uma reticência no lugar do ponto final.

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