quinta-feira, 26 de maio de 2016

Fianças abusivas sobre prisioneiros cristãos seriam 'estratégia' para intimidar igrejas no Irã

Autoridades iranianas estão exigindo o pagamento de uma fiança de 33 mil dólares para cada um dos três prisioneiros cristãos, detidos no dia 13 de maio.

Três cristãos, membros da Igreja do Irã (denominação), que foram detidos como parte de uma série de ataques a igrejas domésticas e crentes na nação há duas semanas, poderão ser libertos, apenas se pagarem uma fiança de 33.000 dólares cada um, segundo informou um tribunal da cidade de Rasht.
Os três cristãos - Yasser Mosayebzadeh, Saheb Fadaie e Mohammadreza Omidi (Youhan) - estão sendo mantidos em uma prisão de Rasht, capital do estado de Gilan (Irã), de acordo com a organização 'Christian Solidarity Worldwide' ('CSW') sediada no Reino Unido, que tem acompanhado o caso. Ambos foram presos no dia 13 de Maio.
Ele foram presos juntamente com seu pastor, Yousef Nadarkhani, e a esposa deste, Tina Pasandide Nadarkhani, por funcionários do Ministério da Inteligência do Irã, conhecido como VEVAK. Os oficiais também apreenderam Bíblias, computadores e telefones celulares pertencentes aos três membros da igreja.
Pastor Nadarkhani e sua esposa foram libertos dias depois dessa prisão, na segunda-feira, 16 de maio.
"Com o Irã retomando seus vínculos internacionais, esperávamos ver melhorias na situação dos direitos humanos no país, mas é agora claro que nada melhorou nesse aspecto", disse Firouz Khanjani, membro do Conselho Nacional da Igreja do Irã.
"Infelizmente, as autoridades parecem estar recorrendo mais uma vez para uma política já usada anteriormente, que consiste em exigir fianças abusivas, projetadas principalmente para intimidar economicamente os membros da comunidade cristã e para atrasar a libertação dos prisioneiros", disse Mervyn Thomas, diretor executivo da 'CSW'. "Ao definir esses valores exorbitantes como fiança, sem proferir acusações formais, as autoridades iranianas mostram que pretendem simplesmente punir esses homens".
Os três membros da igreja foram brevemente detidos depois de ataques semelhantes, em fevereiro passado.
Youhan também foi anteriormente detido em dezembro de 2012 e em 2013, ele foi um dos quatro cristãos condenados a 80 chicotadas cada, após terem sido acusados ​​de "consumir bebidas alcoólicas" durante a celebração de uma santa ceia e de possuir uma antena parabólica em casa.
Presidente do Irã, Hassan Rohani troca presentes com o papa Francisco, em visita ao Vaticano. (Foto: Reuters) 

Histórico de lutas
O pastor Nadarkhani foi preso pela primeira vez em outubro de 2009, por supostamente protestar contra um dever de casa que exaltava princípios islâmicos, recomendado pela escola de seus filhos e também por tentar registrar formalmente a sua igreja. Em 2010, Yousef foi condenado à morte por enforcamento, sob acusação de 'apostasia'. No entanto, o o Supremo Tribunal do Irã pediu um novo julgamento do seu caso, em Rasht. Apesar do pedido do tribunal, o pastor aguardou o julgamento na prisão.
Em junho de 2010, as autoridades também prenderam sua esposa para pressionar Yousef a se converter ao islamismo. Nadarkhani e sua esposa também foram ameaçados de que seus filhos seriam tirados do casal e entregues a uma família muçulmana, mas ambos se mantiveram firmes em sua fé cristã. Pasandide foi liberta posteriormente.
Durante audiências realizadas em Setembro de 2011, Nadarkhani foi informado pelas autoridades iranianas de que ele teria três oportunidades de se converter ao islamismo e renunciar a sua fé cristã, tendo assim todas as acusações contra ele retiradas. Mas ele novamente recusou a proposta.
Em 2012, pastor Yousef foi absolvido das acusações de apostasia pelo tribunal de Rasht e foi liberto da prisão em setembro de 2013. O tribunal, no entanto, o condenou a permanecer por três anos sem evangelizar muçulmanos.
No dia de Natal 2013, Yousef foi preso novamente sob as ordens de autoridades iranianas e liberto alguns dias depois, em 7 de janeiro de 2014.
A prisão do pastor - junto à sua esposa e um membro de sua igreja - no dia 13 de maio de 2016 foi efetuada sem qualquer acusação formal da polícia iraniana.
Segundo a 'CSW', essa repetição de ordens de prisão, lançadas contra os mesmos indivíduos (especificamente cristãos) tem, na verdade, o objetivo de intimidar o crescimento do cristianismo no país.

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